quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Histórias de Superação: Veja a trajetória do atleta Luan (22 anos), que brilhou ontem na Seleção Brasileira Olimpica de Futebol!

jogador Gremio_ Luan saiu de rio preto
O atacante rio-pretense Luan brilha no Grêmio 
Com a bicicleta velha, sempre quebrada, e uma mochila estranha de tão colorida. Assim seguia Luan, um jovem magricelo, órfão de pai e cria do bairro São Jorge, na zona norte de Rio Preto/SP, para mais um dia de treino ou jogo pelo time da Missão Resgate. O percurso de oito quilômetros entre a sua casa e o campo, que ficava no Jardim Conceição, algumas vezes precisou ser feito a pé, enquanto a bicicleta estava na oficina do vizinho Rossi.
A Missão Resgate, entidade beneficente da igreja Missão Atos, com o propósito de tirar os jovens carentes da rua, hoje, não existe mais. Luan planeja trocar a periferia por um condomínio de luxo. Ganhou prestígio e grana. Foi artilheiro do Grêmio de Porto Alegre na temporada passada e defende o Brasil nas Olimpíadas do Rio de Janeiro, e já foi cobiçado pelo Real Madrid, um dos clubes mais ricos do mundo.
A vida do garoto valeria um filme com roteiro dramático e, quando tudo poderia caminhar para um triste fim, o futebol reescreveu a história. Aos dois anos, Luan perdeu o pai em um acidente de moto. Coube à mãe, Márcia Cristina de Jesus, cuidar dos dois filhos - além de Luan, o mais novo Lucas, recém-nascido na época. Fez faxina, passou alguns maus bocados, porém, sempre reservou um dinheiro para o filho não desistir do sonho de ser atleta profissional. “O Luan nasceu para jogar futebol”, conta Alex Sandro Rocha Pinheiro, um dos primeiros técnicos do atacante gremista e que hoje garimpa novos talentos na região. “Vi o Luan jogar pela primeira vez, aos nove anos, na escola José Maria Rollemberg Sampaio, éramos vizinhos do São Jorge e, desde então, o chamei para o time da Missão Resgate.”
O caminho entre sonho e realidade foi árduo. Luan foi vítima de dirigentes desonestos, viu colegas de infância perdidos no crime - um deles inclusive está preso desde o ano passado por tráfico de drogas e assalto, e sempre escreve cartas ao jogador. Luan só não desistiu do esporte graças à força da mãe e a persistência de ex-treinadores.
Teve um dia em que precisou viajar de Monte Aprazível a Rio Preto no porta-malas de um Corsa. Na ocasião, o time seguiu para a cidade vizinha dividido em três carros. Antes de acabar o jogo, um pai precisou voltar e, segundo Pinheiro, a molecada teve que se espremer. O porta-malas sobrou para Luan, o mais magro da turma. “Pedia duas coisas ao meu filho: coloque Deus na frente de tudo e acredite em si mesmo, sem se preocupar se o ‘fulano’ vai gostar de vê-lo jogando”, revelou Márcia, evangélica da Congregação Cristã no Brasil.
Driblador, o jovem tinha muita habilidade, nos minicampos e nas quadras. Porém, era franzino demais e, por isso, não inspirava confiança nos olheiros.
Na primeira oportunidade no campo em um clube profissional, pelo Tanabi, passou todo o Campeonato Paulista da quarta divisão de 2012, na reserva. A vida melhorou após as boas atuações na Copa São Paulo de 2013. Por muito pouco, Luan nem jogou a competição. No segundo semestre de 2012, o Tanabi emprestou o jogador ao América, que participaria da Copinha.
O clube rio-pretense, na época administrado por Dimas Macedo, se comprometeu em bancar uma ajuda de custo, de R$ 500 por mês. “O Luan ficou sem receber e sumiu em dezembro, a poucos dias da estreia”, disse Pinheiro, que encontrou o seu pupilo em um torneio de futsal na cidade de Jales, a troco de R$ 50 por partida. “Disse ao Luan, você deu cabeçada até agora e, quando tem a oportunidade de estrear na Copa São Paulo, a maior vitrine do Brasil, vai desistir?”
Luan entendeu o recado e, na segunda-feira seguinte à conversa por telefone, voltou a treinar no América. Foi o artilheiro do Rubro com seis gols na competição e chamou a atenção de alguns olheiros, entre eles, o do Internacional, principal rival do Grêmio. Mas não houve evolução nos negócios.
Dimas Macedo, naquele ano, romperia com o América, foi para o vizinho Catanduvense e levou Luan do Tanabi por R$ 170 mil. Foi a primeira vez que o jovem, de 20 anos, viu tanto dinheiro: uma luva de R$ 50 mil e, de cara, comprou o carro do sonho, um Honda Civic usado. Fez poucos jogos pelo clube de Catanduva, na Série A-2 do Paulista, e foi transferido para o Grêmio.
Muitos de seus amigos da época,  vice-campeão da Copa Kodilar de 2006 na região, não vingaram como Luan e Geovani que foram os únicos a fazerem do futebol uma profissão. Geovani tenta uma oportunidade melhor depois de passar pelo Rio Preto e pelo América, na Série A-3 do Campeonato Paulista. 
Na reportagem completa, com link abaixo, tem informações sobre os amigos de Luan e seus paradeiros.  

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