terça-feira, 24 de janeiro de 2017

Adulteraram a idade: "Gatos" no país dariam um time completo. E ele teria até técnico

Montagem Gazeta Press
Alguns 'gatos' do futebol brasileiro: Carlos Alberto, Emerson, Luxemburgo e Hiroshi
Alguns ‘gatos’ do futebol brasileiro: Carlos Alberto, Emerson, Luxemburgo e Hiroshi
O zagueiro Brendon Matheus Araújo Lima dos Santos, do time de juniores do Paulista, será investigado pela Federação Paulista de Futebol sob suspeita de ter adulterado o nome e a idade para jogar a Copa São Paulo de futebol júnior. A reportagem da ESPN apresentou documentos que comprovam que ele é, na verdade, Matheus Cardoso Rodrigues, tem 22 e não 19 anos e, portanto, é o mais novo caso de ‘gato’ no país.
A expressão é antiga, com origem desconhecida, mas os casos são bem mais comuns do que aparentam. No Brasil, um rápido levantamento do ESPN.com.br conseguiu formar um time com 11 jogadores e mais um treinador. Confira abaixo:
Lateral direito da base do São Paulo, ele forjou documentos para conseguir jogar o Sul-Americano sub-17, em 1999, com a seleção brasileira. Inclusive, foi dele o gol que classificou a equipe canarinho para o Mundial na Nova Zelândia.
Acabou descoberto após uma reportagem da “Folha de S.Paulo” revelar que a data de nascimento revelada por ele (22 de abril de 1982) e o local onde foi registrado (Glaucilândia-MG) eram falsas. Na verdade, Henrique nasceu em Monte Claros (MG) em 22 de abril de 1980, assim jogou o torneio com dois anos a mais do que o permitido.
O atacante nascido no Maranhão teve a fraude descoberta em 1999 também por uma reportagem da “Folha de S.Paulo”, quando defendia o Rio Branco.
Com documentos falsos, ele chegou a disputar a Copa do Mundo sub-17, no Egito, pela seleção brasileira. Ele declarava que havia nascido em 8 de março de 1980, ano que lhe permitia participar da competição. A data verdadeira era 1978.
Chegou a ser suspenso pela CBF, mas continuou a carreira. Foi no São Caetano que viveu o auge, sendo campeão paulista em 2004, vice da Libertadores e do Brasileiro.
Talvez o caso mais famoso até então no Brasil. Contratado do Rio Branco em 1999, o então atacante do São Paulo fez com o time tricolor perdesse quatro pontos no Campeonato Brasileiro após ser revelado que ele jogava com documentação falsa.
A transferência do Rio Branco para o São Paulo estava irregular porque o jogador tinha o passe preso ao Tocantinópolis, onde foi revelado. Durante as investigações descobriu-se que Hiroshi também havia fraudado a idade para poder jogar na base do time de Americana.
Ele foi suspenso pela CBF e só voltou a jogar em 2000. Ainda passou por Flamengo, Figueirense, Guarani e América-RN, mas nunca mais obteve destaque.
Nascido no Maranhão e naturalizado belga, o atacante Oliveira foi mais um caso de gato envolvendo brasileiros. A descoberta foi da “Folha de S.Paulo”, em 2000.
Dois anos antes ele havia jogado a Copa da Mundo da França pela seleção belga. Mas apesar da descoberta (ele diminuiu dois anos da própria idade), não foi punido.
A exemplo de Oliveira, o lateral esquerdo Clayton, que se naturalizou tunisiano, também reduziu dois anos da idade original para facilitar o início da carreira.
Ele dizia ter nascido em 21 de março de 1974, mas a data verdade do maranhense era 21 de julho de 1971. A descoberta ocorreu no mesmo ano de Oliveira: 2000.
Do Maranhão ele foi jogar na Tunísia e depois passou para o futebol francês. Jogou duas Copas: 1998 e 2002. Jamais foi punido pela adulteração.
O atacante então no Grêmio reduziu dois anos da própria idade alterando a documentação de nascimento e chegou até a jogar da Copa do Mundo de juniores pela seleção brasileira, na Nigéria, em 1999. A falsificação teria ocorrido em 1995 e foi descoberta em 2000.
Na documentação original, ele tinha data de nascimento em 21 de fevereiro de 1997, enquanto que na documentação adulterada aparecia como 1979.
Apesar da falsificação, não foi punido. Além do Grêmio, ele jogou por Flamengo, Bahia, Santa Cruz, Chapecoense, entre outros clubes.
O caso foi alterou a documentação para ingressas nas categorias de base do Vitória.
Nascido em 1989, a certidão de nascimento foi alterada para o ano de 1991. Não chegou a ser punido e seguiu a carreira normalmente.
O atacante na verdade se chama Marcio e o Emerson vem justamente de uma modificação nos documentos para diminuir em três anos a idade verdadeira. A fraude foi descoberta em 2006 pela Polícia Federal quando ele tentava embarcar para os Emirados Árabes.
Pelo documento falso, Márcio Passos de Albuquerque virou Márcio Emerson Passos e do nascimento em 1978 mudou para 1981. Como punição, teve de desembolsar R$ 70 mil em multa, além de prestar serviços comunitários pelo período de 18 meses.
A carreira prosseguiu normalmente e chegou a ser campeão no Fluminense, no Flamengo e no Corinthians, onde foi o herói da conquista da Libertadores de 2012.
Um dos casos mais conhecidos, o volante/lateral direito diminiu em cinco anos a idade. Isso fez com que perdesse a oportunidade de defender o São Paulo, que já em 2006 demonstrou interesse no jogador que vinha se destacado no Figueirense.
A certidão falsa de nascimento ainda colocava que ele nasceu na cidade carioca de São Matheus, inexistente. Mas, apesar de ter adulterado os documentos, ficou seis meses suspenso e prosseguiu a carreira depois e chegou até a defender o Corinthians.
Mais uma caso de jogador que disputou torneios de base pela seleção brasileira com a data adultera. O meia Leandro Lima até chegou a ser escolhido o destaque do Mundial sub-20, em 2007, mesmo ano que se transferiu para o Porto.
Ele dizia ter nascido em 1987, mas na verdade nasceu em 1985. O nome falso era Luis Leandro Abreu de Lima, já o verdadeiro George Leandro Abreu de Lima.
O lateral esquerdo chegou a ser campeão brasileiro pelo Flamengo, em 2009, mas com o nome de Jorbison e com dois anos a menos do que o real.
A verdade só foi revelada em 2012, quando o próprio jogador confessou ao retornar ao clube rubro-negro de um empréstimo ao Duque de Caxias. Admitiu que havia adulterado a data de nascimento (a falsa era 30 de dezembro de 1991 e a verdadeira era 23 de outubro de 1989) e trocou o nome de Maxwell Batista da Silva para Jorbison Reis dos Santos.
Por isso teve o contrato rescindindo com o Flamengo e foi jogar no Corinthians-AL. Não foi punido nem o Flamengo penalizado. Mas o jogador jamais conseguiu atuar por outra grande equipe. Passou por Colorado, Guaratinguetá, Desportiva-ES, Sergipe, entre outros.
Antes o nome era gravado Wanderley Luxemburgo, mas tudo mudou após ele ser indiciado pela Polícia Federal em 2000 sob a acusação de falsidade ideológica.
O documento encaminhado à PF tinha como data de nascimento de Luxemburgo 10 de maio de 1952, enquanto o treinador utilizada um documento com data de 1955.
Segundo reportagem da “Folha de S.Paulo”, o treinador admitiu ter adulterado a idade para poder jogar quando jovem os torneios juniores pela seleção brasileira, como o de Toulon, um dos mais famosos, e poder se destacar no futebol.
As denúncias ocorreram quando ele estava no comando da seleção brasileira, em 2000, o que gerou uma grande crise na equipe. Posteriomente foi demitido pela CBF.
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Veja imagens de Brendon, que na verdade é Heltton, em ação pelo Paulista na Copinha

Fonte: Resenha WEB

Copinha: desde 2003, time de menor expressão não vence grande na final


Há 14 anos, o Santo André foi campeão ao derrotar o Palmeiras nas penalidades

Por Eduardo de SousaRio de Janeiro



Santo André conquistou a Copinha em 2003 ao derrotar o Palmeiras nas penalidades (Foto: divulgação - http://www.ecsantoandre.com.br)

No início da Copa São Paulo de Futebol Júnior, o Batatais não era considerado um dos favoritos para faturar o título. No entanto, com muita dedicação, competência e uma certa dose de sorte - afinal foram três classificações na disputa de pênaltis -, o clube foi avançando e eliminando adversários até chegar à semifinal do principal torneio das categorias de base do futebol brasileiro, que em 2017 teve a sua maior edição, com a participação de 120 times. Para garantir vaga na decisão ainda era necessário passar pelo Paulista, mas a equipe comandada pelo técnico Lippi foi goleada por 5 a 1 no estádio Jayme Cintra, em Jundiaí. No entanto, com a eliminação do Galo da Japi após a comprovação da escalação irregular do zagueiro Brendon durante a competição - o jogador teria 22 anos, e não 19, a idade limite para jogar a Copinha -, o Batatinha adquiriu o direito de disputar a final. Em oito confrontos, o Fantasma da Mogiana conseguiu quatro vitórias, três empates e uma derrota, com 15 gols marcados e 13 sofridos. 


Na decisão, marcada para a próxima quarta-feira, às 16h, no Pacaembu, a equipe encara o Corinthians, maior vencedor da Copinha, com nove conquistas (1969, 1970, 1995, 1999, 2004, 2005, 2009, 2012 e 2015) e que venceu as oito partidas disputadas até agora, marcando 28 gols e sofrendo apenas seis. A tarefa é difícil, mas o próprio Paulista, adversário da semifinal, pode servir de inspiração para mostrar que o desafio não é impossível de ser realizado. Em 1997, o Tricolor jundiaiense foi campeão diante do Timão ao levar a melhor na disputa de pênaltis (4 a 3) após empate por 1 a 1 no tempo normal. Caso consiga o inédito título, o Batatais ainda vai acabar com a escrita de um clube de menor expressão não derrotar um grande na final há 14 anos. O último foi o Santo André, em 2003, quando superou o Palmeiras nas penalidades (5 a 3) depois de empate por 2 a 2 durante os 90 minutos. 


Em 2006, o título foi disputado por duas equipes do interior paulista - América-SP e Comercial -, e o Mecão foi campeão ao vencer as penalidades por 5 a 3 após empate por 0 a 0 no tempo normal. Dois anos mais tarde, o Rio Branco-SP foi derrotado pelo Figueirense por 2 a 0. Em 2015, o Botafogo-SP viu o sonho de conquistar a Copinha ir por água abaixo no gol de Maycon, com falha clamorosa do goleiro Talles, que decretou o triunfo do Corinthians por 1 a 0. Lembrando ainda que em 2001, o Barueri levantou a taça ao desbancar o São Paulo na decisão - 4 a 4 no tempo normal e 6 a 5 na disputa de pênaltis. 


Atuando em Cravinhos, o Batatais venceu na fase de grupos o Sport por 3 a 2, o Comercial-SP por 2 a 0 e o Rio Claro por 3 a 1, terminando na primeira colocação da chave oito, com nove pontos, oito gols marcados e três sofridos. Na sequência derrotou a Ferroviária nos pênaltis por 5 a 4 após empate por 3 a 3 no tempo regulamentar. Na terceira fase, outro duelo contra o Sport e mais um triunfo, desta vez por 2 a 1. Nas oitavas, a classificação foi novamente obtida nas penalidades - 4 a 2 sobre a Ponte Preta depois de empate por 1 a 1 nos 90 minutos. Roteiro que se repetiu também nas quartas contra o Botafogo - 0 a 0 no tempo normal e 3 a 2 na disputa de pênaltis. Na semifinal diante do Paulista, o clube não repetiu as atuações anteriores e foi goleado por 5 a 1. Menos mal que a escalação irregular do zagueiro Brendon garantiu a equipe na final. 


O Corinthians, por sua vez, aplicou duas goleadas - 6 a 0 sobre o Pinheiro-MA e 4 a 0 no Operário-MS - e venceu o Taubaté por 3 a 2 na fase de classificação. Na sequência outro chocolate, desta vez por 5 a 0 sobre o Manthiqueira. Contra o Coritiba, pela terceira fase, o placar foi mais apertado (2 a 1), mas suficiente para avançar. Nas oitavas, o Timão passou pelo Internacional por 3 a 1, enquanto nas quartas eliminou o Flamengo (2 a 1), adversário que o derrotou na final do ano passado. Pela semifinal, a equipe dirigida pelo treinador Osmar Loss enfrentou o Juventus-SP, que tentou aprontar como autêntico moleque travesso, mas acabou perdendo por 3 a 0.

Fonte: Globo Esporte

O CRIME QUE COMPENSA: O "GATO" NO FUTEBOL BRASILEIRO





O futebol é um esporte no qual a lei, em alguns contextos, fica à margem. A violência em campo, quando usada para "impor respeito" sobre o adversário, é muitas vezes estimulada por treinadores. Xingamentos que em qualquer situação cotidiana levariam ao chilindró o autor são gritados com orgulho por torcidas nas arquibancadas. Mas nenhum, absolutamente nenhum crime compensa mais do que o "gato", ou a adulteração da idade para buscar mais oportunidades na base.


O caso mais recente explodiu neste domingo e tirou o Paulista da final da Copa São Paulo nesta segunda-feira. Brendon, ou Heltton (ainda não há a confirmação), não foi o primeiro. Certamente não será o último. A lista é longa e conta com nomes que passaram por seleções de base como Sandro Hiroshi, Anaílson, Leandro Lima, Carlos Alberto (ex-Figueirense), Cláudio (ex-Palmeiras), Michel Schmöller, Emerson Sheik e muitos outros. E olha só, vejam vocês, sabem quantos desses jogadores ou pessoas que fizeram o "gato" deles foram presos ou foram suspensos por um bom tempo? 

Se você pensou em zero para a resposta, acertou. Todos eles seguiram suas carreiras como se quase nada tivesse acontecido. Ajustaram a identidade futebolística ao seu nome (ou nem isso em alguns casos, Emerson Sheik se chama Márcio, mas ninguém o chama assim no mundo do futebol), e vida que segue.

O crime de falsificação ideológica, enquadrado no artigo 299 do Código Penal Brasileiro, prevê reclusão de um a cinco anos ou multa. Emerson Sheik chegou a ser condenado a três anos e nove meses de prisão, mas teve a pena revertida em multa e serviços comunitários. Outros cumpriram três, no máximo seis meses de suspensão e seguem jogando numa boa. 

A prisão, para o jogador, talvez seja realmente injusta. Um moleque de 14 anos que sonha ser jogador de futebol é capaz de tudo para chegar a esse sonho e sair da pobreza. Se alguém da confiança dele disser para ele que bater com a cabeça na parede ou rasgar dinheiro é o caminho, ele seguirá o conselho. Além disso, alguém que falsifica a identidade para jogar futebol não representa, normalmente, perigo real para a sociedade, embora deva pagar pelo crime que cometeu. 

Uma suspensão esportiva de um ou dois anos, no entanto, se faz necessária, e o motivo é simples: o "gato" toma o lugar de alguém com a idade certa e desenvolvimento mais tardio. Na maioria das vezes, porém, tudo acaba em pizza.

Uma das coisas mais preocupantes desse cenário é que, em alguns casos, quem procura e faz o gato é o próprio pai do garoto. E a certeza da impunidade acaba com qualquer chance de arrependimento. Um exemplo ilustrativo: um dos pais que fez o "gato" no próprio filho e foi descoberto falou, na cara do dirigente que descobriu.

- Olha, eu fui pêgo, mas não me arrependo. Esses anos com meu filho aqui foram os melhores da minha vida.

Há relatos de jogadores que pegam a identidade do irmão mais novo, ou de um primo mais novo. E de pais que registram o filho dois, três anos depois de nascido, já pensando em uma carreira para ele no futebol. É o famoso "gato legalizado", quase impossível de pegar. 

Os clubes, em muitos casos, são vítimas, como é provável que o Paulista seja, e acabam como principais punidos nas situações. Os grandes chegam a fuçar os cartórios das cidades de seus jogadores, buscando irregularidades. Muitas vezes encontram casos na própria base e dispensam o jogador sem fazer barulho. No caso de um clube endividado como o de Jundiaí, imagina-se que a condição de correr atrás dessa documentação é menor.

Apesar de serem vítimas no processo, os clubes também contribuem para ele, na medida em que privilegiam a força física como critério de seleção dos atletas em detrimento da qualidade técnica. Muitos treinadores fazem vista grossa para jogadores suspeitos, pois sabem que a imposição física deles pode ajudar a ganhar jogos e, consequentemente, ajudá-los a subir na carreira. 

O momento-chave é a transição para o profissional. Se o jogador consegue subir e jogar no time de cima por um, dois anos, o gato descoberto pode desvalorizá-lo, mas não a ponto de fazer com que ele suma do mercado. O atleta normalmente é julgado pelo que produz dentro das quatro linhas, e não pela conduta ética fora de campo.

Dentro dessa conjuntura, é possível supor, sem afirmar ou colocar suspeitas em ninguém (não há provas), que há, sim, muitos "gatos" que conseguem realizar o sonho de se tornar jogadores importantes do futebol brasileiro e jamais são descobertos. E mesmo se fossem hoje, já estariam afirmados e com uma carreira consolidada. Seriam pouco afetados pelo crime que cometeram, e que os ajudou na hora de sair da pindaíba. E seriam apenas mais um capítulo de uma história que não se encerrará com o caso Brendon.

Estreia no Profissional - EC Serrano  No dia 10/09/2022, Enzo estreia como profissional no EC Serrano de Serra Talhada com jogos em Itacurub...